CAIO LÓSSIO BOTELHO (Engenheiro Geógrafo)

Blog destinado a publicações feitas pelo Professor Caio Lossio Botelho e artigos de sua referência.

Wednesday, March 22, 2006

SABEDORIA POPULAR

Alex Pimentel
Namir Melo, da Funceme, observa sinais da natureza que auxiliam o profeta Antônio Lima em suas previsões
Diário do Nordeste (16/1/2006)
Profetas divergem nas previsões das chuvas
Rompendo uma tradição de nove anos, pela primeira vez, o Encontro de Profetas Populares do Sertão Central foi realizado fora das dependências da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Quixadá. Em sua décima edição, realizada no último sábado, o evento, que tem por essência a exposição de diagnósticos climatológicos baseados na sabedoria popular, se realizou ao ar livre. Os organizadores propuseram que a reunião ocorresse ao lado do Açude Cedro, uma vez que neste ano será comemorado o centenário do reservatório imperial. O local escolhido foi o espaço do antigo Clube dos Agrônomos, ao lado da barragem do açude. Para este ano, a maioria dos profetas do tempo anunciou perspectivas pessimistas quanto à quadra chuvosa. No entanto, aqueles tidos como de maior credibilidade afirmaram que a quadra será de regular a boa.A solenidade teve início às 10 horas, numa manhã ensolarada, mas à sombra de frondosas árvores. O secretário de Desenvolvimento Turístico de Quixadá, Henrique Rabelo, anunciou a abertura do evento, que contou com apoio do jornal Diário do Nordeste. Uma dupla de repentistas saudou os participantes. Em seguida, o comerciante João Soares e o engenheiro Helder Cortez, idealizadores do Encontro, foram homenageados com comendas outorgadas pela Prefeitura do município. O título foi concebido à dupla por conta da marca do décimo ano consecutivo de realização do evento, que passou a integrar o calendário oficial local.Políticos, cientistas, estudiosos, pesquisadores, estudantes e dezenas de curiosos prestigiaram a solenidade. Também aguardaram ansiosos o início do pronunciamento das previsões dos profetas do povo. Antes do anúncio das profecias populares para a estação das chuvas do ano, o meteorologista Namir Melo, representante da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) fez uma breve explanação acerca das tecnologias utilizadas na previsão do tempo. O técnico ressaltou que os estudos científicos são os meios mais precisos para se prognosticar as reações climáticas. Em seguida, o geógrafo Caio Lóssio Botelho, que participa do Encontro desde suas primeiras realizações, declinou acerca de sua admiração aos profetas do tempo.Assumindo a cerimônia, o engenheiro químico Helder Cortez explicou preliminarmente aos espectadores a origem do Encontro de Profetas Populares. O técnico da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) destacou também a importância das previsões baseadas na sabedoria popular. Mas reconheceu que a tecnologia científica merece mais crédito. Em seguida apresentou um a um, os profetas inscritos no Encontro. A medida que anunciava cada participante, Helder pronunciava o diagnóstico apresentado pelo profeta popular no ano anterior. Com isso, o público demonstrava mais interesse pelos que haviam acertado os resultados do inverno passado. Foi o caso de Joaquim Muqueca, Luís Gonzaga Campos e do odontólogo Paulo Costa.Dentre o grupo de profetas populares que participa dos Encontros em Quixadá, no Sertão Central, alguns deles se destacam por suas análises e acertos. Confira nos depoimentos abaixo as principais avaliações baseadas na sabedoria popular dos chamados profetas das chuvas.

ADMIRAÇÃO

Caio Lóssio conversa com profetas e mostra seus estudos sobre a seca
Diário do Nordeste (16/1/2006)
Geógrafo destaca o processo intuitivo.
O geógrafo e professor Caio Lóssio Botelho, 73 anos, também convidado especial do X Encontro de Profetas Populares, confessou sua admiração pelo que considera um processo intuitivo a metodologia utilizada pelos profetas em seus diagnósticos do tempo. Por sua admiração a esses “magos da natureza” passou a ser criticado por colegas, os quais o acusam de ter trocado a ciência pela magia.O geógrafo não se considera um cientista e sim um estudioso. Ele citou que há mais de 40 anos estuda a seca e seus fenômenos — disse que bem antes da criação de muitas fundações e institutos de pesquisas meteorológicas. Também entende que o título de profeta, aos que se baseiam em sinais da natureza para preverem o surgimento das chuvas, é errôneo. “O mesmo ocorre com a denominação de ‘tropical’ a extensão territorial brasileira. Nosso país não é tropical, é equatorial. Basta observar a linha imaginária longitudinal que corta o Brasil. Mas o erro persiste”.Mais interessante que as observações geográficas do professor, são suas exposições acerca da admiração aos profetas populares. Para o estudioso, seu entusiasmo decorre do fato de utilizarem a intuição e não a razão para elaborarem seus diagnósticos. “Através da percepção, de flashs da natureza, é que essa gente encontra respostas para o embasamento de suas previsões. Por isso os admiro. O ‘homo-sapiens’ atingirá seu clímax quando razão e intuição se igualarem, atingirem um equilíbrio”, comentou entusiasmado. (A.P.)